Meebo Bar

sábado, 5 de março de 2011

Rom e Juli

Descobri, no fundo de uma das gavetas, um pequeno caderno preto, com as páginas já amareladas de velho. Assim que o abri, minha alergia fez o favor de avisar que não devia fazê-lo, mas sou teimoso. Tinha uma caligrafia bonita, daquelas antigas em que os "l's" são esticados até lá em cima e os "g's" até lá embaixo. Eram poesias. Ou poemas, não sei a diferença. Mas não rimavam e nem tinham métrica. Ao fim de várias páginas descobri que se tratava de um romance. Um romance proibido. Interessante.
Era praticamente um Romeu e Julieta, só que da minha avó. Foi apaixonada a vida inteira por um rapaz que entregava jornais, mas seu pai, muito severo, nunca permitiu seu amor. Descrevia com emoção as fugas noturnas que faziam, e as táticas que utilizara para voltar pra casa. Minha avó, quem diria!
No meio do caderno havia uma foto dela junto dele quando era nova. Era tão bonita, tão meiga, tão... menina! Ele tinha um aspecto simples e frágil. Um casal diferente, com certeza.
Passei direto para o fim para tentar saber o que aconteceu. Mas não foi nada, o caderno acabou no meio, entre uma fuga e um retorno, e o que sobrou foi uma esperança, um passado, uma dúvida e um amor.

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