Meebo Bar

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ERROR 404: cliche not found

- É pedir demais um "... e viveram felizes para sempre"?!
- Pelo que tudo indica, sim.
- Oh, muito obrigada.
- Eí, estou na mesma situação, ok?
A garota nº 2, a de cabelo preto, pousou o seu copo em cima da mesa do bar. A bebida era desconhecida até mesmo pra ela, mas era boa. A sua amiga, uma loira claramente postiça, vestia um top muito prateado e chamativo.
- Eí, não quer ligar uns piscas-piscas de natal aí? Não conseguem te ver na Lua...
- Cala a boca!
E assim, se xingando e batendo, foram saindo do bar e perambulando pela rua abaixo, levando atrás de si próprias suas carências amorosas. O "dia" não podia começar sem álcool no sangue. A loira sempre conseguia trabalho primeiro, por poder ser avistada há quilômetros de distância, porém, sempre foram serviços baratos e pequenos. A morena, sempre mais reservada, vestia-se bem mesmo com roupas baratas. Engatava os mais ricos da região, e tinha a façanha de manter em supremo segredo todos os seus clientes. Mulheres iguais no sentido, diferentes no objetivo. Sempre saíam para uns copos antes do horário de trabalho começar, mas assim que o breve momento de razão acabava, ia cada uma para o seu canto do quarteirão, atingir as suas metas. Adoraria dizer que numa noite mágica, a vida dessas mulheres mudou e tiveram sucesso na vida, mas o clichê só funciona nos filmes.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Whisky, Mini Cooper and Starbucks

Você sabe que está tendo uma péssima semana quando os oito copos cafés Starbucks por dia e o Whisky antes de dormir suas 2 horas por noite já não fazem efeito. Você sabe que está trabalhando demais quando não se lembra da última vez que viu a luz do dia, nem quando passou maquiagem, ou lavou a louça. Você sabe que está estressada quando quebra a máquina de café com um murro e faz um curativo usando a fita cola do escritório para não ter que ir ao hospital. Por isso o Starbucks. Mas agora, depois de 80 horas nesse estado, entreguei o meu projeto e posso ir pra casa sem um copo de café ou Whisky na mão. Então posso dormir 10 horas seguidas, acordar e passear num parque depois de passar uns bons minutos lavando a louça e me maquiando.
Mas vamos a uma coisa de cada vez. Primeiro, encontrar a chave do carro. Só para efeitos de curiosidade (ou caso você encontre as chaves) tenho um Mini Cooper S preto, desses bem britânicos. Debaixo dos papeis, atrás do monitor, em cima da bancada... Ah! Dentro da bolsa. Já está!
Despedir-me do porteiro. Como era o seu nome?
- Adeus... - não me veio nenhum nome a cabeça - ... Até quando resolverem me incomodar de novo!
- Até logo, senhorita... - Pelo jeito também não se lembrava do meu nome. Menos mal. - Banes. - Ele lembrou. Oh, fuck.
Apressei o passo para fingir que não ouvi.
Sã e salva no meu carro. Agora, como era mesmo? Pisar na embraiagem e virar a chave. Engatar a primeira e ir soltando bem devagar com os pés. Acelerador em conjunto. Olhar pelo retrovisor às vezes. Freio. Mover os pés do lugar, como uma dança. Mal consigo esperar para tudo isso virar uma rotina e as coisas serem automáticas, como todos os motoristas do mundo dizem. Só sei que nesse momento tudo isso está me deixando louca. Muitos detalhes e muitos milímetros. Se ao menos tivesse despachado o projeto no mês passado, não teria ficado tão perto da data final. Aliás, se eles não tivessem adiantado a data final... Se a Mariana não tivesse ficado grávida... Eu também deveria ter tirado a carta de motorista antes. Quem sabe deveria ter arranjado um namorado para poder reclamar dessas coisas? Mas uma coisa é certa: tudo, tudo, tudo teria sido mais fácil se eu tivesse aceitado aquela outra proposta de emprego. Mas não aceitei e agora estou aqui, tendo que dirigir. Odeio dirigir. Odeio muito.
Oh, fuck fuck fuck fuck! O CD dos Beatles caiu do banco. Logo agora que eu queria mesmo ouvir! Parece que nada dá certo hoje, só quero chegar em casa e tomar o meu banho e.. Ah, peguei o CD!


[...]
- Olá, linda! Uau, você está ótima hoje!
- Não precisa falar comigo como se eu fosse umas das crianças. - Apontou para a ala infantil. Me senti culpada. - Já te disse.
- Desculpa. É difícil me acostumar, passo a maior parte do tempo com os pequenos. Então, novidades?
- Nenhuma, ainda na quimio... E você?
- Acabei de pegar os exames. Vou ficar nessa cadeira por um bom tempo...
- Nossa, eu sinto muito. Foi um caminhão, não foi?
- É, o homem estava embriagado às 3 horas da tarde. E sabe o que é mais estranho? Eu odiava dirigir, mas agora sinto tanta falta do meu carro...
Um sorriso sonhador estampado no rosto dela.
- Qual era o carro?
- Um Mini Cooper S, preto.
- British... Sei qual é.
- Eu adoraria dirigir... Adoraria muito, muito mesmo.
- E o que você odeia?
- Hm... Starbucks.